10 de set. de 2007

Fiat Lux


Primeiro não há nada. É só a plena vaziez, a suspensão do tempo, coisa alguma em lugar nenhum. Depois, de repente, quando menos se espera, você está ai, vivo. Ploft. Assim, sem mais nem menos. Sem a menor explicação. Um belo dia você acorda do sono que nunca houve e se dá conta de si mesmo. Bang! Você se percebe, se vê, sendo. Em um instante não há coisa alguma, no seguinte, esta tudo ali bem na sua frente. Tudo. As pessoas coisas cores gostos sons. Everything. Ali, ao mesmo tempo, junto, sofregamente disputando a sua atenção, te virando de cabeça pra baixo e dando palmadas na sua bunda. A vida é estranha, muito estranha. O mais estranho é que você está sempre ai. A partir daquele primeiro instante da descoberta, do cair em si, torna-se impossível desligar-se. Mesmo que tudo passe [e tudo irá passar], você continua ai. Tu não te moves de ti. Nunca. O fluxo profuso e ininterrupto de manifestações sinápticas sempre está conosco, aonde quer que formos. Mesmo que você não consiga se achar dentro de seu próprio corpo, sempre se reconhecerá dentro de sua própria cabeça. Ninguém consegue ver a si próprio de costas enquanto anda, no entanto, todos somos capazes do auto-reconhecimento imediato. A contar da eclosão do “eu” você é você, e pronto. Uma nebulosa fervente, um pequeno universo de “vocês” dentro de um único “eu”. As possibilidades infinitas do não-deixado. Escolhas. Há sempre uma escolha. As alternativas nunca são as que queremos, mas a escolha é sempre nossa. [Apenas nossa]. Todas as lastimosas realidades que não foram. As imetabolizáveis exeqüibilidades sonhadas e não vividas. As chagas de nossa própria autoria. É disso que se constitui cada “você” desse nosso múltiplo “eu”. Potencialidades apenas. È a partir dessa soma de possíveis vivências que aprendemos a ser o que somos. A personalidade não é inata, é aprendida, por tentativa e erro. Pelo sim e pelo não. Nossas escolhas nos produzem, e nós a elas, simultaneamente. Nessa redondeza vaga é que nos criamos. O escolhido e o recusado, a distância entre o traçado e o seguido, o vivido real ou imaginariamente, se juntam, se aglutinam e desembocam no “eu”. O processo é imperceptível, silencioso, natural. Quando nos damos conta ele já está. A primeira peça já caiu a tempos e os dominós só continuam seu trajeto. Somos por inércia. Tudo o que escolhemos ser. Assim, e pronto. Mas, será que há consciência disso?
A vida é estranha, muito estranha.

13 comentários:

Antonio † disse...

Caraca, que profundo.
Mas bem,
completamente real,
e algo com que tenho certeza que muita gente vai se identificar.
a vida é bizarra :}
excelente texto.
flw.

(ainda não entendi o por que do título oO)

Unknown disse...

Mto obrigada por esse maravilhoso texto!

LBMBA disse...

gostei muito! você escreve bem.
pode dizer o que acha do meu?

KK disse...

Rodrigo, já adicionei o seu blog à minha lista de favoritos. Aliás, você já tem mais comentários do que eu...hahahaha

Propaganda é a alma do negócio.

Reparei que você gosta de inércia. De acreditar que tudo que está, tende a continuar a ser... discordo.

belo texto.

Unknown disse...

Profundo e muito louco! (desculpe o termo xexelento, sim?)
Creio que o "Fiat Lux" utilizado como t�tulo do texto, refere-se ao "acordar" do pr�prio autor, tendo criado a conci�ncia de estar vivo e existindo...
Acertei, maninho?

Abra�o!

Anônimo disse...

bonito texto ;D

Tyler Durden disse...

Mais estranho que a vida acredito que só a morte... O que será que vem depois que fechamos os olhos pela ultima vez? Excelente texto.

Unknown disse...

Realmente, podemos escolher e nos "deixar levar" pelo universo e somos mesmo a soma de nossos atos.

Um belo texto

Anônimo disse...

Anjo nós do mundo animal eu e meus animaizinhos que cuido tanto, somos honrrados por ter vc como um grande amigo, saiba que sempre estaremos aqui ta obrigada, pedimos sua ajuda sim,pq sem vc nao conseguiriamos acabar com tanta violencia, pegue o selo da campanha contra violencia aos animais, ajude nos a conscientizar as pessoas.Anjo nós do mundo animal eu e meus animaizinhos que cuido tanto, somos honrrados por ter vc como um grande amigo, saiba que sempre estaremos aqui ta obrigada, pedimos sua ajuda sim,pq sem vc nao conseguiriamos acabar com tanta violencia, pegue o selo da campanha contra violencia aos animais, ajude nos a conscientizar as pessoas.

Anônimo disse...

Anjo nós do mundo animal eu e meus animaizinhos que cuido tanto, somos honrrados por ter vc como um grande amigo, saiba que sempre estaremos aqui ta obrigada, pedimos sua ajuda sim,pq sem vc nao conseguiriamos acabar com tanta violencia, pegue o selo da campanha contra violencia aos animais, ajude nos a conscientizar as pessoas.

Climão Tahiti disse...

E um dia ela acaba... A vida apaga do mesmo jeito que acendeu. =/

r.farias disse...

A vida e uma coisa tão comum ... que concerteza muitos vao se identificar !
Parabéns pelo blog... Abraço

Anônimo disse...

a vida é um arraso
o mundo q fode com ela
e agente q fode com o mundo

e disso um circulo o.o eenfim


pq se algo um dia veio do nada, q veio do nada, q veio do nada, entao, nada = deus

tal como nada = presente do indicativo do verbo nadar, 3 pessoa singular =o

chegamos assim a conclusao deq deus nada
no mar do céu azul, q é da cor do mar azul
logo, mar = céu
eu = bozo
bozo = margarida
margarida = eu

beeeeeejo